Da desistência ao recomeço!
Resolva a questão!
"Quando o nível extremo da inquietação e abatimento batem à sua porta - e então você percebe que o mundo no qual você está inserido não é o seu -, o "mundo"que você achou que seria o da sua realização profissional, mas não era. E aí, o que fazer? Isso mesmo, acertou quem pensou que era tempo de desistir!"
Essa questão acima foi minha, Laís Soares. Foi a questão da minha vida, da minha particularidade, do meu mundo interno. Então amigos, tomar uma decisão não é como resolver um problema matemático, onde se pega a fórmula e se tem um resultado exato, requer um tanto mais de esforço mental e disposição interna para resolver a situação.
Mas vamos lá pra essa prosa sobre desistir e recomeçar...
Sou filha de professores, a caçula do trio do Vivaldo e da Lourdes. Nasci em Manaus, mas morei desde a infância no Município de Fonte Boa, no interior do Amazonas, e lá estudei até concluir o Ensino Médio.
Sempre fui uma aluna esforçada, tirava ótimas notas, e eu me considerava inteligente, minhas disciplinas preferidas eram Português, Biologia, Química e Matemática (até eu ser apresentada ao Cálculo I kk - ah "maldito"Guidorizzi, pois é, entendedores entenderão --').
Como toda adolescente em época de vestibular, tive que me preparar, estudar com mais intensidade, abdicar de tardes à toa na casa das amigas, enfrentar uma diversidade de opções de profissões no mercado e ter a difícil tarefa de escolher apenas uma, e claro, aquela exigência em ter que passar numa faculdade pública porque nascemos lindos mas não ricos né migos?!
Tá beleza, começaram os jogos: PSC - I. Chegou o dia de corrigir a prova, pontuação distante do esperado, muito choro. Sabe aquela maldita sensação de que você se doou, mas a recompensa não veio? É, infelizmente só ter a sensação não basta, é necessário ter a certeza de que a doação aconteceu.
Vieram as duas últimas fases e a pontuação melhorou e passei em Décimo lugar para o Curso de Engenharia de Pesca (muitas grades de cerveja nos festejos, kk, misericórdia Deus!). Sensação de alívio por ter passado na federal mas a alegria interna de ter feito a escolha certa não havia. Optei pela área por admiração, porque na época o mercado estava supervalorizando esse profissional.
Comecei os estudos, as dificuldades não foram poucas: Cálculos, a tal da Química Analítica (do inferno kk) e Citologia (não tenho olho bom pra identificar células no micro, era Uó), porém A MAIOR DIFICULDADE foi perceber meus colegas avançando e se identificando com a profissão, e eu ficando à margem, me sentindo inferior por ter tido um ensino em escola pública no interior do Amazonas (ahh maldita crença limitante rs) e pior ainda, ir empurrando com a barriga um curso por 4 anos, com medo de desistir e decepcionar os meus pais. Isso seria inevitável!
Pensar em desistir é doloroso demais, nossa Senhora!!! Você pensa um milhão de coisas, sabe até as falas dos seus familiares e amigos. Porém eu pensei, refleti, pedi ajuda de alguém mais experiente e conclui que, olhar pra trás e me ver me arrastando por aqueles corredores escuros e solitários por mais alguns looongos 5 anos ou mais (OMG!) e ter a absoluta certeza de que eu não me encaixaria ali, seria decretar a minha infelicidade profissional. Seria como eu usar um sapato de número 36, sendo que calço 38, e caminhar com os pés apertados, sem um bom encaixe até chegar um ponto da estrada que iria parar e ver os calos grandes nos meus pés, com bolhas prestes a estourar e talvez até sangrar. A escolha dessa numeração errada me gerou prejuízos, pois não pude enxergar a beleza das paisagens ao longo do percurso.
Chegou o dia D, o dia de comunicar a decisão (frio na barriga, dor de barriga, mãos suadas, pernas trêmulas, inquietação) e foi!! Comuniquei, ouvi boas esculhambações, fui ignorada por alguns dias, algumas palavras me marcaram por alguns anos, mas o importante disso tudo foi aprender que desistir não significa ser fraco, significa que você teve a DE-CISÃO, ou seja, deu um corte na velha história que te incomodava e se permitiu com consciência e autonomia viver uma nova. Recomeçar dá medo sim, mas saborear as maravilhosas descobertas na nova jornada, ah isso não tem preço. Tomar decisões sempre fará parte da nossa existência, todos os dias estamos decidindo por algo: usar vestido ou calça jeans, comer peixe ou frango, ir à academia ou ver Netflix, Samsung ou Iphone? A responsabilidade é toda sua, é minha, é nossa.
Na Psicologia enxerguei meu recomeço, foi por os olhos na grade curricular pra paixão acontecer. Ali vi um mix da maioria dos meus interesses e graças a Deus deu certo, não me arrependi em nenhum momento (exceto nas semanas de prova kk).
Agradeço imensamente e especialmente à minha mãe por não ter desistido de sonhar por mim, e prontamente deu um jeito de financiar meu novo sonho, à minha irmã e cunhado pelo suporte até o final da graduação.
Hoje, aos 30 anos posso perceber com mais clareza os erros e acertos ao longo dessa construção da minha trajetória profissional, hoje vejo meus potenciais e os reconheço sem medo, hoje consigo dizer NÃO para o que não gosto sem medo de desagradar ninguém. Isso se chama autoconhecimento, é o olhar pra dentro, e com a vida, com as experiências boas e ruins, ter a oportunidade de selecionar o que é essencial do que não é. Tudo foi aprendizado!
"Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo.
É renovar as esperanças na vida e o mais importante: acreditar em você de novo"(Gaefke)
Esse é um resumo da minha história sobre escolha profissional e recomeço. Espero ter contribuído de algum forma, através dessa narrativa um pouco fraca, mas foi de coração :)